Oscarito Awards: 1931-1932
A temporada de filmes elegíveis aos Oscars começou em 1º de agosto de 1931 e encerrou em 31 de julho de 1932. O vencedor do prêmio de Melhor Filme foi Grande Hotel, o pai de todos os filmes que reúnem grandes estrelas vivendo dramas e comédias pessoais sob o mesmo teto, não importa se é um hotel, uma mansão ou um navio. Não é um grande filme, mas o considero um pouco melhor do que seu concorrente mais forte no Oscar, O Expresso de Shangai, produção com a dupla Josef von Sternberg/Marlene Dietrich cujo apuro visual é superior à condução da narrativa.
Nenhum dos meus cinco indicados a Melhor Filme no Oscarito Awards foi indicado para Melhor Filme no Oscar 1931-1932.
Filme
1.
Scarface (Scarface)
2.
Ama-me
esta Noite (Love me Tonight)
3.
Frankenstein (Frankenstein)
4. A nós a liberdade (A Nous la Liberté)
5.
Monstros (Freaks)
* A sequência dos meus indicados inclui: o clássico em que beberam todos os filmes clássicos de gângster; um filme maravilhoso e bastante subestimado de Rouben Mamoulian; o primeiro grande filme americano no gênero do horror; o filme de René Clair que "inspirou" o chapliniano Tempos Modernos; e um filme de uma potência assustadora ainda hoje. Que nenhum desses filmes tenha sido indicado ao Oscar é uma vergonha para a Academia. Se minha lista tivesse dez filmes, os próximos em sequência seriam o filme de guerra francês Cruzes de Madeira, O Médico e o Monstro (outro filme de Mamoulian), e os indicados ao Oscar Grande Hotel, Expresso de Shangai e Sede de Escândalo.
Direção
1.
Howard Hawks (Scarface)
2.
James Whale (Frankenstein)
3.
Rouben Mamoulian (Ama-me esta Noite)
4.
René Clair (A Nós a Liberdade)
5.
Tod Browning (Monstros)
* Praticamente um empate técnico entre Hawks e Whale. Na foto, Hawks é quem está sentado de frente para a câmera.
Ator
1.
Fredric March (O Médico e o Monstro)
2.
Paul Muni (Scarface)
3.
Edward G. Robinson (Sede de Escândalo)
4. Ronald Colman (Médico e Amante)
5. Lowell Sherman (Hollywood)
* March ou Muni? Seria melhor resolver no cara ou coroa. Os demais indicados também estão muito bem, embora os filmes que protagonizam não os ajudem tanto. O cinismo de Robinson cintila quando o filme se passa na redação do seu jornal e Colman empresta dignidade a um filme de consciência social, mas não tão bom quanto os próximos que seu diretor John Ford faria nos anos seguintes (não é também uma adaptação tão boa de um romance de Sinclair Lewis como são Fogo de Outono e Entre Deus e o Pecado).
Atriz
1. Joan Crawford (Grande Hotel)
2. Marlene Dietrich (Expresso de Shangai)
3. Constance Bennett (Hollywood)
4. Helen Hayes (O Pecado de Madelon Claudet)
5. Sally Eillers (Depois do Casamento)
* Crawford tem a atuação mais refrescante num filme em que boa parte de suas estrelas (Garbo, Jean Hersholt, os irmãos Barrymore, Wallace Beery) vinha de uma carreira no cinema mudo. Dietrich está exuberante e Bennett dá substância a Hollywood (What Price Glory?), cujos papéis centrais - o ator famoso em fase decadente apaixonado por uma estrela em ascensão - viriam a ser copiados anos depois em Nasce uma Estrela. Hayes foi a vencedora do Oscar por um filme sem outras virtudes que não sua atuação. Eillers não é nenhum furor de atuação, mas é a protagonista deste melodrama mediano que deu o segundo Oscar de direção a Frank Borzage.
Ator Coadjuvante
1. Boris Karloff (Frankenstein)
2.
Gabriel Gabrio (Cruzes de Madeira)
3. Lionel Barrymore (Grande Hotel)
4.
George Raft (Scarface)
5.
C.
Aubrey Smith (Ama-me esta Noite)
* Karloff vence aqui por ter criado a performance que definiu todas as outras performances do monstro da história de Mary Shelley. Ele também está ótimo em Sede de Escândalo. A atuação de Raft entrou para a história do cinema ao brincar com uma moeda na mão. Barrymore não está caricato e Smith está divertidíssimo.
Atriz Coadjuvante
1.
Miriam
Hopkins (O Médico e o Monstro)
2.
Aline MacMahon (Sede de Escândalo)
3.
Bette
Davis (Escravos da Terra)
4.
Ann Dvorak (Scarface)
5.
Billie
Burke (Vítimas
do Divórcio)
*Miriam Hopkins é uma das grandes atrizes do período Pré-Code, quando os estúdios ainda não tinham sobre si a pressão censora e abusiva das "ligas religiosas de decência". Sua personagem em O Médico e O Monstro faz a transição de sedutora à vítima com enorme veracidade. Davis já mostra sua especialidade num filme de crítica ao latifúndio, Dvorak é a garota que não abaixa a cabeça para seu irmão "Scarface" e Burke está muito bem como a mãe da personagem vivida por Katharine Hepburn.
Roteiro Original
1. A Nós a Liberdade
2.
Hollywood
3. Gênios
da Pelota
* Este é o filme de René Clair cuja crítica à industrialização fordista e à mecanização do trabalhador teriam inspirado Charles Chaplin em Tempos Modernos. A distribuidora do filme de Clair entrou na justiça com uma acusação de plágio contra Chaplin. Esse processo se prolongou por vários anos até se chegar a um acordo. Clair não se envolveu no processo por considerar que qualquer uso de suas ideias por Chaplin era uma honra. Chaplin negou que tivesse assistido A Nós a Liberdade. De qualquer modo, as semelhanças entre os filmes estão na visão crítica sobre a industrialização e a escolha por uma vida livre da lógica do capital. No mais, o modo de demonstrar cinematograficamente tais ideias é diferente.
Roteiro Adaptado
1. Ama-me esta Noite
2.
Scarface
3.
Frankenstein
4.
O Médico e o Monstro
5.
Grande
Hotel
* O Médico e o Monstro se tornou mais celebrado do que Ama-me esta Noite, mas não tenho dúvidas de que este é superior. Mamoulian dirige este musical com a língua solta das comédias de Lubistch e com uma câmera primorosa como se fosse Fritz Lang.
Filme Internacional
1. Senhoritas de Uniforme (Alemanha)
2.
Eu Nasci, Porém (Japão)
3. O Vampiro (Dinamarca)
4. A Nós a Liberdade (França)
5. O Caminho para a Vida (URSS)
* Senhoritas de Uniforme, de Leontine Sagan, é a primeira produção dirigida por uma mulher a ganhar o Oscarito Awards. Em segundo lugar, a comédia deliciosa de Yasujiro Ozu, também chamada Meninos de Tóquio. Em seguida, o marcante horror de Carl Dreyer, o clássico de Clair e o primeiro filme russo falado.
Trilha Sonora
1.
A Nós a Liberdade
2.
O
Expresso de Shangai
3.
Médico e Amante
4. Hollywood
* O vencedor nesta categoria, George Auric (1899-1983), fez parte do Grupo dos Seis, ou Les Six, um grupo de músicos que vivia em Paris e que trouxe uma leveza desconcertante ao sisudo modelo de composição musical erudita. Ele fez várias trilhas sonoras para célebres filmes franceses, como A Nós a Liberdade, A Bela e a Fera, Orfeu, Salário do Medo e Rififi, e também foi chamado para trabalhar em Hollywood em filmes como A Princesa e o Plebeu.
Fotografia
1.
Frankenstein
2. O Expresso de Shangai
3.
Ama-me
esta Noite
4.
Cruzes
de Madeira
5. Monstros
* Cinco filmes de excelente cinematografia.
Desenho de Produção
1.
Frankenstein
2.
A Nós a Liberdade
3.
O Médico e o Monstro
4.
Grande Hotel
5. O Expresso de Shangai
Figurino
1. O Congresso Dança
2.
Frankenstein
3. O Médico e o Monstro
*O vencedor da categoria é um filme austríaco produzido pelo célebre Erich Pommer, o chefão da UFA responsável por obras-primas do expressionismo alemão, de A Última Gargalhada a Metrópolis.
Som
1.
Cruzes de Madeira
2.
Scarface
3.
Frankenstein
4.
Ama-me
esta Noite
5. A Nós a Liberdade
*O vencedor é um dolorido filme de guerra francês na linha pacifista de Sem Novidades no Front.
Montagem
1. Scarface
2. Frankenstein
3. Ama-me esta Noite
4. Monstros
5. A Nós a Liberdade
Efeitos Visuais
1.
Frankenstein
2. O Médico e o Monstro
Maquiagem
1.
Frankenstein
2. O Médico e o Monstro
3.
Monstros
* Espero que esteja curtindo os Oscarito Awards. Deixe um comentário sobre suas preferências desta temporada 1931-32.
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